quarta-feira, 7 de março de 2012

NOUTRO DIA

Noutro dia, a moça lhe estendeu a mão
Não foi por amor, carinho ou desejo
Foi um gesto nobre, um perceto
Do que ele precisava

Não esperou um agradecimento
Apenas sorriu
E saiu, humilde e triunfante
Radiante em sua rosada pele de menina

Esperou por tantos anos
Pensava em cantiga cantada
Ao pé do ouvido
Sussurrada e misturada com o seu suor

Envolta em seus fortes braços
Queria sentir um calor em sua nuca
Igual aquele que contorcia o seu ventre
Queria fechar os olhos e adormecer

Noutro dia, lhe estendeu a mão
Não foi por amor, carinho ou desejo
Foi para por fim a sua solidão
E caminhar feliz, em outra direção

O homem pereceu
Em sua arrogância peculiar
Gentil gesto de mulher
Que o destronou de seu impávido torvo olhar 

Desapareceu, ao longe,
No tanto que sua limitada visão alcançava
No bailar de seus quadris
Na firme convicção daquilo  que se quis

Noutro dia, a moça saiu  
Saiu para encontrar a vida
Saiu para ganhar o mundo
Saiu para se apaixonar

Não é todo dia que se ultrapassa as nuvens
Não é todo dia que se enxerga o mar

Por: Henrique Biscardi

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