A estante vazia não lhe dizia nada
Não lhe trazia resquícios, lembranças ou traços
Era só um vazio
Ficou louco lendo livros
Ficou bravo só de olhar
Palavras sem respostas
Palavras mortas
Todas tortas!
Todas hordas!
Era ele também um indisciplinado
Vadio, miserável
Perto dele, a estante era uma biblioteca
Como podia ele ter?
Como podia ele ler?
Como podia ele, entender?
Ainda não sei como lhe causa estranheza
Para mim, ou melhor, para ele, parecia,
A estante, esteve sempre vazia!
Vazia como a sua vida
Vadia como a sua vida
E Valia, como a sua vida
Hoje, não vale mais nada
Oh! vício maldito
Minha cachaça, minha birita
Hoje, não vale mais nada
Ele, a estante, a vida
Henrique Biscardi