terça-feira, 18 de junho de 2013

PARADO NO TRANSITO



Hoje vai ser mais um dia daqueles 
Em que, a cada minuto, se testa a paciência 
Muito porque no mundo, está faltando consciência
E muita educação
E aí, nesse transito hermeneuticamente  parado,
Olhos esbugalhados saltam a sua voz
A sua ira
Exacerbada em forma de buzina 

A verdade é que o cara já sai de casa assim,
Mal acompanhado
É um mal humor desembestado
Uma cara fechada, uma marra
Que não leva a nada
Não tem explicação

Sinto saudades é da adolescência
E de minha bicicleta
Do tempo em que se era capaz de andar pelas largas calçadas
Sem incomodar
Andar pelas estreitas ruas, sem suicidar
Andar com as narinas abertas, sorvendo o ar

Tempo em que se chegava atrasado na aula
Só para dos jardins roubar
Uma flor

Tempo em que as minas curtiam mais um cara de camelo
Do que esse seu Duster vermelho

Tempo em que se chegava atrasado na aula
Porque se ficava parado na rua contando os carros
Que, naquela época,  demoravam a passar

Tempo em que amar não era brega
Minhas calças tinham prega
E meu Kichute fazia mais sucesso que o All Star dos mauricinhos
E faziam mesmo! 

Mas, era tudo de boa
Digo “de boa”
Só para acabar com o nostalgia
E prosseguir com a poesia
Num linguajar mais atual

Henrique Biscardi
Afinal,
O sinal já abriu e você já atochou a sua mão nessa buzina infernal





Por: Henrique Biscardi

sábado, 15 de junho de 2013

MEU PÉ DE ARRUDA



 Talvez fossem as águas do rio
Descendo sem pressa a me banhar
Ou, quem sabe, o embalo do sismo
Asfalto ou areia quente
Lugares que insisto em caminhar

Talvez fosse o bailado dos pássaros
Ou a copa das árvores
Os fios tensos da rede elétrica
As cortina das janelas
Ou as pipas pelo ar

Talvez fosse a imprecisão
Procissão, possessão, pulsação
Talvez fosse...
Talvez

Porém, acho, acredito, desconfio
Que esse disparo desajustado,
Esse tique-taque desarticulado,
Esse bum-bum paticumbum prugurundum
Que samba forte no meu peito
Tenha nome
Seja vento

Seja forte
Raiz forte
Meu pé de Arruda