quarta-feira, 20 de junho de 2012

VERSOS DE SONATA E POESIA



Os olhos eram de amor
A boca era só desejo
Um vestido muito molhado
Arrancado, sem gracejo



Nossos poros  se encaixavam   
E a mão lhe era certeira
A moça se contorcia
Agachada à cabeceira


Seu corpo era um bailado
De sonata e poesia
Sua alma arriscava
impropérios, picardias


A cabeça tombava pro lado
E os olhos viravam no cio
Prazeres são gritos no ar
Água doce , cheio rio


Exalado por todos os poros
Seu cheiro me invadia as ventas
Perdido entre suas pernas
Degustava o gosto de menta


Já era hora de acordar
De uma noite sem dormir
Ela tentava se arrumar
E eu ali a lhe despir


Passo o dia a trabalhar
Essa vontade é que não passa
Se a noite se demora
Tudo largo, vou embora


Dizem que o amor é passageiro
E da paixão, nem se fala
Se o que tenho é tesão
É teu corpo quem me cala


E assim vou vivendo os dias
Suspirando a madrugada         
Seu corpo é meu abrigo
Seu umbigo?

Amo você
Minha linda, bela e elegante sonata

Por: Henrique Biscardi

terça-feira, 5 de junho de 2012

PERFUME DAS AGUAS

Um aroma consome a distância e me faz parar diante de ti
Águas cristalinas capturam meu olhar
E me cegam
Nesse instante, sou apenas cheiro e tato
Percebo que só me resta mergulhar em seu ventre 
E tentar desvendar os caminhos que formam o seu leito
Suas margens me parecem infinitas percepções daquilo que, antes, me parecia finito
E suas águas me parecem tão profundas, mas tão profundas
Que penso ir além do que meu pobre corpo mortal suporta
Não importa, eu mergulho
Cego e nu
Despido de meu orgulho
Deixo para trás todas as minhas reminiscências
Confio em sua alma elástica
Confio em suas águas, em sua transparência
Espero apenas que o som da sua voz me guie
Quem sabe, não chego até você por seu cheiro?
Quem sabe o mar não é maresia?
Quem sabe amar não é poesia?
Um aroma consome a distância e me faz parar diante de ti
Águas cristalinas capturam meu olhar
E me cegam
E apesar disso, agora eu vejo
Tudo aquilo que nunca quis enxergar

Por: Henrique Biscardi