segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PESSOAS NORMAIS

Olhou-me com uma indiferença
Que até pedi desculpa pela insistência
Queria apenas uma informação
Talvez ela tenha estranhado
A estranheza
Dessa minha voz afável,
Amável simpatia e riqueza
De meu vocabulário

Ela permaneceu monossilábica
Falando entre os dentes
Que não consegui ver
Cabeça baixa, fome a cansaço
Seu sanduíche merecia, com certeza,
Uma atenção maior do que a minha causa

Pensei em pedir desculpas
Mas minha arrogância, talvez,
Não tenha me deixado ver 
Alguma razão para pra fazê-lo
Mesmo assim, eu fiz
Naturalmente, ela deu de ombros
E até mostrou irritação
Com a coca-cola derramada ao chão

Achei que era o meu fim
É crime agredir funcionário público
Dizia um papel rasgado
Colado à parede
Mas a sentença
Assustou-me menos do que sua mão
Caindo sobre a mesa
Olhar raivoso
De quem ganha mal e trabalha pior
Melhor se eu não precisasse estar ali

Eu tinha
Realmente rezei para que estivesse no lugar errado
Na hora errada e com a pessoa errada
Eu já sabia que estava
Mas, não!
Para o azar da moça, a documentação estava completa
E, a sua contra-vontade,
Era verdade,
Meu documento estava pronto

Achei estranho aquela moça
Ela, certamente, também estranhou
Eu, com toda aquela simpatia,
Exigências cumpridas
Paciência descabida
Diante daquela sensibilidade reprimida
Aquilo não lhe parecia normal

Sai e olhei para trás
Próximo!!!
Alguém estava no lugar errado
Papeis exigidos não cumpridos,
Documento em falta
....

Norma, normal, sorriu!
Vida e rotina
Tudo voltando ao normal
E eu pensando com meus botões
Falando sozinho e na chuva,
Andado a pé
Sai de ré-tro
Ser normal é muito estranho

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AMANTES


Amantes

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

De assombro, espanto
Olhos brilhante, coração não cabendo no peito
No leito, silencio e olhares
No ar
Perfumes, sereno, luares
E nossas sombras desenhando bichos na parede
Em segredo

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

Inocente 
Ardentes chamas na lareira
Teus braços segurando forte a cabiceira
Meu suor  escorrendo
Sua boca molhada
Almas perdidas,
Tragédias deflagradas

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

Um doce pecado
O gosto de veneno sagrado
mas o que importa?
Se eu sou o doce ou você,  o sal
oferta-me o teu suor e eu lhe darei o fel
lua, luares, sol e mares
assim longe de tudo e de todos

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

Veio até mim, assim
Em segredo  
feito sonho
feito só pra mim, e pra vc
Longe de nosso cônjuges
Não somos nem santos, demônios ou monges
Somos apenas, amantes!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PREDILEÇÃO


Eu não paro
Não reparou?
Fico conversando e pensando
As vezes, me permito algumas viagens
Psicografo mensagens
Do meu além
Do além de mim,
De minha vontade
Do meu ser , aquele mais íntimo
Que alguns chamam de verdade
Mas que, sinceridade, não sei o que é

Só sei que escrevo
E escrevendo vou dizendo, vivendo
apredendo
Empreendendo
E percebo, então
Que tudo escorre pelas mãos
E que as palavras se encontram
Queiramos ou não
Em qualquer direção
Sem qualquer ligação
Com a nossa predileção. 

Por: Henrique Biscardi

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O INFINITO CÉU DE SUA BOCA


Poderia beijar toda a sua boca e ainda assim, o céu seria infinito
Seus lábios, de cor, eu conheço de cor
Sem piedade e dó,
Foi a coisa mais profunda que já me adormeceu

Estremeceu
Extremo seu
Intenso amor
Extremo e incostante
Levante dor
Dor e agonia
Noite e dia
Início e fim

Finda, mas não morre
Corre, mais não foge, não some
Me cerca
Cerva viva
De braços, de pernas, de sorrisos, de seios
Anseios
Profundos e inacabados
Lampejos, saudades, vontades
Poesia solta de um ébrio delirante
Lascivo prazer de um objeto cortante


Poderia beijar toda a sua boca e ainda assim,
O céu seria infinito



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

POR SOBRE AS NUVENS

Olhei e o seu olhar estava triste
Tão distante dali e de mim 
Como aqueles casais que jantam
Sem se olhar, sem se falar, sem se tocar

E Você nem percebeu que eu me importava
Abriu um portal, desconectou-se

Num prato vazio
A comida que tanto lhe satisfazia
Estava fria
Fria e sem tempero, sem gosto

Juro, pensei em te deixar
Em te deixar voar
Sua estrada parecia tão encantadora!
Tão desbravadora!

Você sorria e eu não entendia
Não entendia a dose de melancolia que brotava de uma lágrima
Que de seu rosto, escorria

Continuei olhando e percebi que seu olhar
Triste já não estava.
Mas também não estava feliz
Não estava.

Era um olhar diferente
Diferente e transparente

Enxerguei a sua dor
O que, a sua alma,consumia.

Levantei-me da mesa
Caminhei até  o outro lado da rua
Comprei-lhe as rosas mais bonitas que pude encontrar

E como você continuava distante
Penetrei com confiança e fé em seu portal

E então, você me abriu os braços
 E mostrou-me uma  saudade de mim
Que eu também desconhecia
Passou a mão no meu rosto e agradeceu-me
Agradeceu-me!
Talvez, as rosas, sei lá
Agradeceu-me

Eu é que te agradeço, meu amor
Hoje, você me mostrou
Por sobre as nuvens
Existe um céu.
Azul

Por: Henrique Biscardi