Desceu do táxi como se fosse praxe
Olhou no espelho,
Checou a maquiagem
Subiu a rua balançando a saia
O moço velho consertando a laje
Velho menino empinando a pipa
Subiu a calçada como se fosse fácil
Bateu a porta esperando ágil
Entrou correndo despertando inquérito
Saiu da casa ajeitando a saia
Pulou a poça como se fosse moça
Bendito salto que não salta a cola
Desceu a rua balançando a saia
O moço velho consertando a laje
Velho menino empinando a pipa
Subiu no táxi como se fosse praxe
Olho no espelho
Checou a maquiagem
Ninguém notou o rímel da maldade
A dor da moça que não tem idade
A cor do homem, altura, nem a sua face
Parou no tempo a rua da saudade
Dinheiro mingua feito caridade
Na extrema idade da luz vermelha que não se apaga
As lágrimas caídas feito castidade
Letras corridas da modernidade
O lado oculto de nossa cidade
(Henrique Biscardi)