quinta-feira, 25 de julho de 2013

CENAS DA CIDADE I

Desceu do táxi como se fosse praxe
Olhou no espelho,
Checou a maquiagem

Subiu a rua balançando a saia

O moço velho consertando a laje

Velho menino empinando a pipa

Subiu a calçada como se fosse fácil
Bateu a porta esperando ágil
Entrou correndo despertando inquérito

Saiu da casa ajeitando a saia
Pulou a poça como se fosse moça
Bendito salto que não salta a cola

Desceu a rua balançando a saia

O moço velho consertando a laje

Velho menino empinando a pipa

Subiu no táxi como se fosse praxe
Olho no espelho
Checou a maquiagem

Ninguém notou o rímel da maldade
A dor da moça que não tem idade
A cor do homem, altura, nem a sua face

Parou no tempo a rua da saudade

Dinheiro mingua feito caridade

Na extrema idade da luz vermelha que não se apaga

As lágrimas caídas feito castidade
Letras corridas da modernidade
O lado oculto de nossa cidade

(Henrique Biscardi)