segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

VESTIDO DE FEIRA


Era um vestido
Correndo solto e feliz
Alegre e saltitante
Tão perto e tão distante
Pisando na grama
Agradecido pelos pés descalços
Alma leve, braços abertos
Marcava a cintura,
Apertava o peito
Deixava à solta, as coxas

Era um vestido
Girando e  provocando brisa
Cheirando à terra molhada
Solto, a baixo dos cabelos presos
Preso acima de seus desejos
Envolto
Em meus braços
Em minhas mãos
Desatados os nós,
Aberto fecho, lacinho e griló

Era um vestido
Personalidade pura
Cabia-lhe santa, esperta ou puta
Caimento perfeito
Em todos os números
Em todos as poses
Em todos os gestos
Do errado ao certo
Do pretérito ao imperfeito
Em tudo aquilo que lhe fosse de direito

Era um vestido
Que lhe subiu as ventas
E lhe consumiu o juízo
Entrando por todos os orifícios
Abusando de todos os artifícios
Encantou-se pelo ofício
Que a transformou em mulher
E foi-se embora feliz e faceira
Numa noite de sexta-feira
Vestido comprado na feira



Por: Henrique Biscardi

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PESSOAS NORMAIS

Olhou-me com uma indiferença
Que até pedi desculpa pela insistência
Queria apenas uma informação
Talvez ela tenha estranhado
A estranheza
Dessa minha voz afável,
Amável simpatia e riqueza
De meu vocabulário

Ela permaneceu monossilábica
Falando entre os dentes
Que não consegui ver
Cabeça baixa, fome a cansaço
Seu sanduíche merecia, com certeza,
Uma atenção maior do que a minha causa

Pensei em pedir desculpas
Mas minha arrogância, talvez,
Não tenha me deixado ver 
Alguma razão para pra fazê-lo
Mesmo assim, eu fiz
Naturalmente, ela deu de ombros
E até mostrou irritação
Com a coca-cola derramada ao chão

Achei que era o meu fim
É crime agredir funcionário público
Dizia um papel rasgado
Colado à parede
Mas a sentença
Assustou-me menos do que sua mão
Caindo sobre a mesa
Olhar raivoso
De quem ganha mal e trabalha pior
Melhor se eu não precisasse estar ali

Eu tinha
Realmente rezei para que estivesse no lugar errado
Na hora errada e com a pessoa errada
Eu já sabia que estava
Mas, não!
Para o azar da moça, a documentação estava completa
E, a sua contra-vontade,
Era verdade,
Meu documento estava pronto

Achei estranho aquela moça
Ela, certamente, também estranhou
Eu, com toda aquela simpatia,
Exigências cumpridas
Paciência descabida
Diante daquela sensibilidade reprimida
Aquilo não lhe parecia normal

Sai e olhei para trás
Próximo!!!
Alguém estava no lugar errado
Papeis exigidos não cumpridos,
Documento em falta
....

Norma, normal, sorriu!
Vida e rotina
Tudo voltando ao normal
E eu pensando com meus botões
Falando sozinho e na chuva,
Andado a pé
Sai de ré-tro
Ser normal é muito estranho

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AMANTES


Amantes

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

De assombro, espanto
Olhos brilhante, coração não cabendo no peito
No leito, silencio e olhares
No ar
Perfumes, sereno, luares
E nossas sombras desenhando bichos na parede
Em segredo

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

Inocente 
Ardentes chamas na lareira
Teus braços segurando forte a cabiceira
Meu suor  escorrendo
Sua boca molhada
Almas perdidas,
Tragédias deflagradas

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

Um doce pecado
O gosto de veneno sagrado
mas o que importa?
Se eu sou o doce ou você,  o sal
oferta-me o teu suor e eu lhe darei o fel
lua, luares, sol e mares
assim longe de tudo e de todos

Não há loucura nem pecado
Santo, santa ou castidade
É só um encontro,
Um encontro

Veio até mim, assim
Em segredo  
feito sonho
feito só pra mim, e pra vc
Longe de nosso cônjuges
Não somos nem santos, demônios ou monges
Somos apenas, amantes!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PREDILEÇÃO


Eu não paro
Não reparou?
Fico conversando e pensando
As vezes, me permito algumas viagens
Psicografo mensagens
Do meu além
Do além de mim,
De minha vontade
Do meu ser , aquele mais íntimo
Que alguns chamam de verdade
Mas que, sinceridade, não sei o que é

Só sei que escrevo
E escrevendo vou dizendo, vivendo
apredendo
Empreendendo
E percebo, então
Que tudo escorre pelas mãos
E que as palavras se encontram
Queiramos ou não
Em qualquer direção
Sem qualquer ligação
Com a nossa predileção. 

Por: Henrique Biscardi

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O INFINITO CÉU DE SUA BOCA


Poderia beijar toda a sua boca e ainda assim, o céu seria infinito
Seus lábios, de cor, eu conheço de cor
Sem piedade e dó,
Foi a coisa mais profunda que já me adormeceu

Estremeceu
Extremo seu
Intenso amor
Extremo e incostante
Levante dor
Dor e agonia
Noite e dia
Início e fim

Finda, mas não morre
Corre, mais não foge, não some
Me cerca
Cerva viva
De braços, de pernas, de sorrisos, de seios
Anseios
Profundos e inacabados
Lampejos, saudades, vontades
Poesia solta de um ébrio delirante
Lascivo prazer de um objeto cortante


Poderia beijar toda a sua boca e ainda assim,
O céu seria infinito



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

POR SOBRE AS NUVENS

Olhei e o seu olhar estava triste
Tão distante dali e de mim 
Como aqueles casais que jantam
Sem se olhar, sem se falar, sem se tocar

E Você nem percebeu que eu me importava
Abriu um portal, desconectou-se

Num prato vazio
A comida que tanto lhe satisfazia
Estava fria
Fria e sem tempero, sem gosto

Juro, pensei em te deixar
Em te deixar voar
Sua estrada parecia tão encantadora!
Tão desbravadora!

Você sorria e eu não entendia
Não entendia a dose de melancolia que brotava de uma lágrima
Que de seu rosto, escorria

Continuei olhando e percebi que seu olhar
Triste já não estava.
Mas também não estava feliz
Não estava.

Era um olhar diferente
Diferente e transparente

Enxerguei a sua dor
O que, a sua alma,consumia.

Levantei-me da mesa
Caminhei até  o outro lado da rua
Comprei-lhe as rosas mais bonitas que pude encontrar

E como você continuava distante
Penetrei com confiança e fé em seu portal

E então, você me abriu os braços
 E mostrou-me uma  saudade de mim
Que eu também desconhecia
Passou a mão no meu rosto e agradeceu-me
Agradeceu-me!
Talvez, as rosas, sei lá
Agradeceu-me

Eu é que te agradeço, meu amor
Hoje, você me mostrou
Por sobre as nuvens
Existe um céu.
Azul

Por: Henrique Biscardi

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ORAÇÃO A UMA MOÇA

Que seus braços longos me encontrem,
Me abracem, me alonguem...

E que eu alcance o seu lado mais bonito
Aquilo que tens de melhor,
Aquele seu dom,
Acanhado, envergonhado, cansado, escondido
E mostrar-se assim, para mim,
Desinibido.

Que seu olhar me perceba
E me conceda compartilhá-lo

E que eu o veja me procurando,
Me decifrando,
Percorrendo trilhas e labirintos
No esmero espanto gostoso das manhãs
No fresco das tardes
E no frenesi das noites

Que seus lábios me toquem
Me percorram, me sintam

E que eu sinta sua boca presa na minha
Solta e entreaberta
Pronta para ser e estar
A descoberta,
E nas cobertas, te encontrar
Despida

Que nossos corpos se entreguem
Se encontrem, se encarreguem

E eu possa dividir contigo os desejos
Compartilhar as esperanças
Somar nossas almas
E quando tudo isso for possível
Quero acordar
E te encontrar ao meu lado

E lhe fazer um café,
Lhe colher uma rosa
Lhe prender entre os lençóis,  
Fazer-lhe cócegas
beijar seu umbigo
Devolver a seu rosto, esse sorriso que tanto me encanta

Amém

Henrique Biscardi


domingo, 16 de outubro de 2011

TE QUERO


Quero as suas mãos decifrando o meu olhar
Quero o suor do seu corpo
Na temperatura ideal
Quero a candura de menina
E a sagacidade de mulher
Quero tudo, a sua altura

Devora-me por inteiro
Deseja-me por inteiro
Inteiro e sereno em seu olhar
Não quero pressa,
Prece precisa
Preciso olhar

Quero estar na alcunha de um pedido
Quero que precisas me chamar
Quero a chama e o chamariz de quem deseja
Quero a paz profunda de quem se esconde
Em qualquer alfurja em que te encontrar

Quero lhe surpreender em suas entranhas
Mas estranhas para ti do que para mim
Quero que conheça os meus caminhos
Quero me perder em seus carinhos
Achar os seus atalhos
Suas divisas
Ambíguas,  silenciosas,  gostosas
Te quero 

Por: Henrique Biscardi

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ENQUANTO ELA DORMIA

Se fosses minha,
Voz eu não teria
Que pudesse lhe despertar.

Ouviria o som das cachoeiras
Do grilo, o chacoalhar e a zoadeira,

Fazendo o corpo se virar
 

Nas copas das árvores,
Um vento, uma brisa, 

De fazer seu corpo arrepirar 
 E eu, carinhosamente assistindo,
A noite inteira insistindo 

Em ler o seu pensar
 

Imagino, sonhas comigo
Pássado voltando pro ninho,
Depois te tanto gracejar
E te vejo até sorrindo,
Num gesto de ternura
Pensei que fosse me abraçar
 

Espreguiça, meu amor
cole a cabeça em meu peito,
Sinta o meu amor
Role de um lado a outro
braços e pernas
Novo enrosco
 

Teu corpo baila sem pensar
Meu amor! Meu amor!
Como é bom te ver sonhar
Durma, descanse,
Porque antes que a manha nos alcance
Vou lhe acordar pra gente se amar.



Por: Henrique Biscardi

FELINA


Estou só em minha luta
Na labuta da noite,
No miado do gato que mia
Na espreita da rua fria,
Esguia, suave amarga mania
De fome, de selva, geria
Gélida boca desatina 
Mentira, sangue e carniça
Na latrina de um mais queria
Toda tola, vã, esperança viva
Que nunca morre, sem valer a vida

Siga em frente em sua teimosa ia
No bailar de versos e poesia,
Resistindo à força a forçosa ira
De mentes perversas e possuídas
Baila esperto por entre fios e lixeiras
Pula, Felino!
Por entre telhados, zinco e telhas
Selvagem, centelha
De fogo, coragem,
Pois não lhe falta amor
Há em você verdade

Preserve, então, a doce eterna magia
Desse sonho que um dia sonhou, eternizar 
Encare a dor que se apressa em via
Se deve acontecer, acontecer ia
Hoje ou qualquer dia
Quem sabe assim, desistiria  
Dessa loucura de ter sete vidas
Quem sabe assim, não mais me veria
Como um vira latas qualquer
Deitado a sua espera
No parapeito de uma janela, de vidro.  


Por: Henrique Biscardi

terça-feira, 4 de outubro de 2011

DISSOLVIDO



Sonho sonetos dissonantes
Dissolvidos , dissolventes, dissolutos
Naquilo que tanto luto
Um dia que reluto
Penso
Se existe existência maior do que a crença
Não vejo
Se existe verdade mais verdadeira que tem convença
Não enxergo
Quem te cegou?
Dizem que o amor é que é cego

Foi seu cigano que, salvo engano
Avisou-me de tal desencanto
Desencane de tal culpa, moço
Não foi mero seu esforço
Esmero dorso que me encantou
Me derrubou, mas não na cama
Porque lá ainda me amas
Porque lá ainda me queres
Sem querer dizer
Sem querer se convencer

Mas nem por isso
Serão minhas as rugas
Nem frias serão as ruas 
Sofrimento sofrível até pode acontecer
Por ver seu corpo ardendo sem poder
Porque se podes arder assim
Como é que depois que sai de mim
Mim não existe
Para você?

Não suplico uma explicação explicada
És sincera em meu braços, amada
Isso para mim é o que importa
Pois quando dizes que sua mente acorda
Pensas que me apavora
Mas reprovas a prova de toda a hora
Pois não são minhas as mentiras
Não são meus os disfarces



Desfaço logo qualquer mal entendido
Qualquer desejo reprimido
De querer impor minha verdade
Eu sei quem és, dona sem maldade
Diga, então, sinceridade
Sincero fui em qualquer tempo
Qualquer idade

Sinto a distancia distanciando
Numa nuvem, se apagando
Longe, divagando
Me perdoe,
Meu coração não está amando
Está sofrendo, está parandode te amar

Parado pardo apático
Laço desfeito e enfático
O grito do eco lascivo
Nocivo, venal , fel
Destino cru, nu e cruel

Desvelada sua vil natureza
Por de trás de tanta beleza
Encontrei uma fúria desenfreada
Freada, fria e precisa

Fez o que era preciso
Num tarde de inverno qualquer
Deixou-me sozinho na estrada, a pé

Abriu o ralo
E viu descer nosso amor

Dissolvido


Por: Henrique Biscardi

sábado, 1 de outubro de 2011

QUE SEJA


Pensei em lhe escrever algo
Que fizesse mais sentido
Do que o meu eu, assim mordido
De tanta insistência, resistência, clemência, paciência
Para olhar assim, só um pouco,
O Seu sorriso

Ainda que, com a luz apagada,
Penso caminhar distancias
Distancias que são marcadas
Pegada a pegada,
Dor e pulsação
Contente e acelerada

E nós aqui, teclando, teclando, teclando
Meu coração quer encontrar os seu
Quer desejar a sua boca,
Gamar no seu sorriso,
Lhe engabelar
Cumprir os seus caprichos

Respirar a sua transpiração,
Inspirar e sonhar
Acordar diante dos seus olhos acanhados
Maldosamente, entranhados no travesseiro
Cuidadosamente assentado,
Forma e esmero

Seu corpo é um poema e minha voz está rouca
Sofrida e abafada pelas intermináveis horas
Loucas,
E permanecemos aqui
Teclando, teclando, teclando

Enquanto o mundo corre lá fora
E esperamos aqui dentro
Uma pausa, um offline
A entrada, um alento
Nesse meio tempo
Tenso

Nas linhas, nas falas, no verbos,
Uma palavra, um verbo
Uma linha, uma virgula, um ponto,
Bate o ponto e o ponto
Mas não bate as horas
De ir ao seu encontro

E continuamos
Teclando, teclando, teclando
E eu aqui imaginando
O que falta para esse nosso encontro?
Que seja carnal , venal, que seja
Que seja. 

Por: Henrique Biscardi

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

FARTO


Estou farto do fardo de não ser do meu agrado
De ouvir minhas mentiras cínicas com indiferença
De suplicar que eu fique enquanto desejas que eu vá
À merda e onde mais eu for
Desde que eu volte.

Sou grato, de fato, se ouvires teu cheio saco
De tanto te engabelar frente aos seus convidados
Enquanto desejo a saia mais rodada
Amarrotada e despida, na cama,
Qualquer amiga, minha ou sua.

Estou calejado de seus jogos e armadilhas
Dessa sua dor de cabeça, tonteira
Dessa sua bebedeira, e choro e promessa
Das coisas que me arremessa
E me arrebentam o peito e a cabeça.

Sou gato, fino e escaldado
Para saber fugir dos seus escândalos
Para pungir o seu lance
E saber de prontidão o seu alcance
O seu limite

Estou saindo, indo embora
Porque não apenas finge  e  não me dê bola
Deixe que eu saia pela aquela porta
Deixe que eu tenha vontade de voltar
Quem sabe, eu volto a te respeitar!

Obrigado pelo bolo e pela festa
Faz dois anos que eu te deixei
Faz dois anos que eu a amo mais do que você.
Mas você nem quer saber!
Faz dois anos e você nem notou.


Por: Henrique Biscardi

terça-feira, 20 de setembro de 2011

ESPERANÇA


Por que eu penso em você
   Até quando não estou pensando em nada

Quando estou divagando
Voando, plainando, sentido, buscando,
Curtindo, amando, cantando, sonhando, apertando
O peito, as mãos , os dedos

Quando estou balançando as pernas, os joelhos
Os braços.
Aconchego.

Então,
Não me culpe por meu caminho
Não me arranque dos seus espinhos
Não há dor neles
São pontas que me permitem arremessar-me
Arrebatar-me em desejos, sonhos e planos
Relevos acidentados, caídos ou elevados
Sublimes ou naufragados

Em meus pensamentos
Em meus depuramentos
Calmaria , sossego,  beijo e paz


Faz-me  perguntas demais!
Eu te dou mais que palavras
Você me empresta o seu ar
Seu ardor,seu frescor, medo, pavor
Ainda pergunta, onde está sua graça ?
Pirraça!

É cantiga
Mainha, que nina, que cuida, minha
Que trata, retrata, apreende,  arrebata

Aquilo que me traz de força
De inspiração
Fascínio

Pequenino me expulsa do ninho
Me faz voar


Por: Henrique Biscardi

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Passageira

E lá vem você,
passageira,
Só pode estar de brincadeira
Querendo o meu amor
Hum! Sei não
O seu sorriso é sério
E enxergo em cada ponto desse mistério
A razão desse seu olhar

E lá vem você
Com ele assim, brilhando
Achando encanto em tudo o que há
Numa folha caída de árvore
Na formiga que atravessa a rua
Nas esferas que circundam a lua...
O meu mundo?
É  só você chegar

E lá vem você assim,
Quimera
Bem sabe,
Estava a sua espera!
Não apenas para ter a ti, em meus braços
Quero mesmo te ver voar!
Ouvir o seu canto,
Sentir o seu peito bater
No doce embalo das ondas do mar
Ouvir você respirar, feliz
Te aconchegar

E lá vem você,
Despretensiosa,
De alma pura e corajosa
Me pega, me beija e se esfrega
E  logo seus lábios se fundem
Comigo, confundem
É sonho ou realidade
Vertigem, medo ou verdade?
Que nada! É só felicidade.
Expande essa sua alegria, menina
O mundo precisa de bondade.


Por: Henrique Biscardi

terça-feira, 31 de maio de 2011

O ANIVERSÁRIO

Amigo, quanto tempo!
Noites, dias, escuros e claros
Venha aqui, me dê um abraço
Outro dia, o Léo perguntou por você
Por onde anda...
Poxa, faz mesmo um tempo
Entra!

O Cardoso, não vem
Não tem problema,
passou e-mail, fax, telefonema
figuraça, assim como o Joel,
Boa praça!
Este, mandou uma mensagem
Imagina, disse que está em lua de mel

Tuninho também telefonou
Está sem dinheiro!
Porra! Vem,  pago a passagem
Mas ele nem
O que se pode fazer?
Nem tudo mundo está bem
Mas você...

Opa! Marcela!
Se achegue, convido
Abre a cortina, deixe o sol entrar
Quer  guaraná?
Sente aqui, cabe mais
Se aperte aí, ô
Chega pra lá
E cabe mais uma
Aqui, lá e acolá

Leandro também chegou
Esse, vem dos tempos de saudade
Da  escola, dos namoros, da faculdade
Das provas e dos trabalhos
Do compromisso
Menino, deixa disso!
Nos conhecemos a quanto tempo, rapaz?
Ficou acanhado?

Monique, Carla, Edivaldo
Patrícia, Souza e Osvaldo
O Osvaldo, cara!
Osvaldinho era magrinho,lembra?
Gisele apenas sorriu
Embaraçada diante do marido
Que momento!
Essa eu podia não ter dito

E o tempo passou assim, seguindo
Avante, relevante, cativante
À janela,   um pássaro
Amigos são como pássaros
Pensei
Voam e voltam
Libertos e aprisionados
Queridos e amados,
Amigos.  


HENRIQUE BISCARDI

terça-feira, 24 de maio de 2011

Contos e Cronicas: A MENINA DO LIVRO RISCADO

Contos e Cronicas: A MENINA DO LIVRO RISCADO: "Saia rodada, bata colorida e um belo sorriso. Mascava chicletes. Tirou-os da boca com a ponta dos dedos e olhou para João. O rapaz tentou nã..."

segunda-feira, 23 de maio de 2011

PENSAMENTO E ASSÉDIO

Saquei o seu gingado e seu olhar
Todo assanhado, me chamando para bailar
Faceira, menina, cuidado
Não é nem sexta-feira e você já toda domingo

Dormindo, sonhando, ancorada em meus braços
Envolta em meus lençóis
Me prende ao seu corpo
Segura meus pulsos e mastiga meus lábios

Sacia o corpo,
O meu , o seu
Olho para o teto,
O nosso.

Nossa! meio-dia e nem fui trabalhar
Me visto apressado, seu crivo, seu visto
Um detalhe que me escapa,
Olha a chuva, pega uma capa!

E você semi-nua bolinando o ventre
Gemendo, se contorcendo
Dedo na boca, febre
Que coisa louca!!!

Fez caminhos em minhas costas
Mordidas caninas em meu pescoço
Em meus ombros, em meu peito
Assombro, assopro, janelas batendo um vento

Eu suado, você molhada
Nossos poros respirando
E nossos corpos se achando
Nós ainda nos amando

A cabeça girava,
Tudo isso enquanto você digitava, me ignorando
E eu aqui, te olhando
Pela fresta entre a divisória e o seu monitor


HENRIQUE BISCARDI

terça-feira, 17 de maio de 2011

LEMBRANÇAS



TODA VOZ QUE EU OUÇO NO DIA
NÃO SÃO TÃO CLARAS,
NEM SÃO TÃO  DOCES,
NEM SÃO ACORDES, MÚSICA OU  POESIA,
IGUAL VENTO QUE SOPRA NO FINAL DE CADA DIA

NEM  SEU PRIMEIRO BRILHO
ARDENTE E NASCENTE
NÃO FAZ  SE QUER ME AQUECER
E NEM DIANTE DE TODO O  MEU SABER
NADA É O QUE FAZ PARECER

TODA AQUILO QUE EU FALO  NO DIA
NÃO É TÃO CLARO
NEM TÃO DOCE
NEM SERVE DE ALENTO OU PREGAÇÃO
IGUAL CANTO DE FÉ NO MEIO DE ORAÇÃO

NEM TODO TEMPO QUE PASSA FAZ MELHORAR
SEGUNDOS, MINUTOS E HORAS
TENTO ENROLAR
E NEM DIANTE DE TODO O MEU ESFORÇO
DEIXA DE SER O QUE FAZ PARECER

TUDO AQUILO QUE EU CALO NO DIA
NÃO É TÃO CLARO
NEM TÃO DOCE
NEM ME SERVE DE CONSOLO OU PRÊMIO
IGUAL OLHAR AS ONDAS SEM PODER CAIR NO MAR

NÃO QUERO ACALENTAR MINHA SORTE ESCONDIDA
TRAZER DE VOLTA MEUS SONHOS SOFRIDOS
MEU SOPRO GUARDADO E REPREMIDO
UMA VOZ QUE SE CALA,
UM BREVE GEMIDO

POIS JÁ É HORA DE ACORDAR PRA VIDA
DE ARREBATAR  DE QUEM NÃO QUERIA
AS TRISTES LEMBRANÇAS, MELANCOLIA
POIS ÉS A VIDA
É  O QUE ME RESTA,
SORRIA!                            


HENRIQUE BISCARDI