quarta-feira, 30 de março de 2011

UM DIA PENSEI, UMA NOITE TAMBÉM

   Um dia  pensei, uma noite também
   E  acreditei mesmo que tudo não fosse ter fim.
   Eu juro, acreditei sim
   Quando  o sentimento brota,
   E nada mais importa,  é que se instala o medo
   E a coragem só retorna na hora de terminar

   Um dia  pensei, uma noite também
   E  acreditei mesmo que tudo não fosse ter fim.
   Dizem que é paixão, é desejo, gracejo e procissão.
   Da minha casa à sua, hum!
   Uma imensidão de caminho 
   De ar , de  pulso e desejo que parece mesmo que nunca chegará a hora de terminar
  
   Um dia  pensei, uma noite também
   E  acreditei  mesmo que tudo não fosse ter fim.
   Um sorriso, um beijo, um amasso
   Um capú riscado, um cabelo molhado
   Dava até  dó  de ver a alma, tão exposta
   Tão ingênuo que nem se importava de terminar ali, naquela hora

   Um dia  pensei, uma noite também
   E  acreditei mesmo que tudo não fosse ter fim.
      Você não! Sempre me disse e até imaginou
      Como um fogo que não queima a palha,
      Antes mesmo falha, e não vinga.
      E quando o sol raia e a noite  não finda,  era hora de recomeçar.           
           
   Um dia  pensei, uma noite também
   E acreditei mesmo que tudo não fosse ter fim.
      Mas  se este for o meu ensejo
      Impuro, carne e desejo
      Que me deixem queimar, dia e noite
      E mesmo antes de tudo terminar, vou pensar assim 

sexta-feira, 18 de março de 2011

(DES) ENCONTRO

Não é o tempo quem me consome. É essa necessidade de consumi-lo, essa vontade de respirá-lo mais rápido do que meu corpo suporta. Não é pressa! Não é. Pressa é para os precipitados. Eu tenho é coragem!

E sonho, acordado e feliz., diante do seu retrato que fala palavras tão lindas, como as conchas trazidas do mar, refletidas nesse seu olhar, nesse cabelo molhado, nesse receio inventado que o coração não respeita.

Não é a distância quem me afronta. É essa sincronicidade que nos aproxima, esse diálogo intermitente, incoerente e profuso que  me faz pensar antes que eu pense, que me faz calar antes que eu cale e que me faz te beijar não antes que eu deseje, pois meu desejo é eterno.

E se faz tanto tempo que não nos temos, que esse passado tão presente não mente sobre esse futuro incipiente que insiste  em ser, em ter, em estar,  é esse o momento de se desafiar o tempo, de se colocar o pé na estrada e o coração,  deixa voar.


Hernique Biscardi

quarta-feira, 2 de março de 2011

MEIAS-ESTAÇÕES


O verão
Corria dando voltas
Braços abertos, sinceros
Escondia, de lado, um sorriso
De frente, percorria o tempo, as nuvens
Peito aberto, coragem, destreza, malícia
Mas quando ele chegava, se escondia


O inverno
Fatigado, buscando um abrigo
Ferido, desviando o perigo.
Perdido, de lado, foi colocado
De frente, corria do tempo, a tempestade
Peito fechado, reprimido, desatinado, inocente
Mas quando ele passava, sorria

As meias-estações foram poucas
Nunca gostou de nada pelo meio
Gostava das intersecções, dos apostos, dos infinitivos, do estar
No cais, no porto ou à deriva
Mas em movimento
Curtia o doce movimento do momento
Do próximo

E o próximo estava tão próximo que embaçou-lhe as vistas
E o próximo estava tão próximo que seu perfume o inebriou
E o próximo estava tão próximo que nem assim ele pegou
E foi assim que o amor passou e nunca mais voltou
E vil foi o seu destino
Sem verão, sem inverno
Só meias-estações