segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A MÉTRICA

Na métrica do seu corpo
Me rasguei em poesia
Findo o lírico traço de minha soberba fria
Achava  mesmo que poderia
Não acredito!
Lógico que não posso amá-la só nessa noite
Só, eu ficaria,
O resto de meus dias
Do que resto que me restaria
Nessa e em outras vidas
Mas que raios de poesia é essa
Mas que raios de dor
Logo eu! Que dos meus sentimentos
Sempre fui senhor
Na métrica do seu corpo
Me rasguei em poesia
Finda a minha soberba
Ergue-se o lírico
Não é seu corpo que desejo
São seus braços
Seus sorrisos
Seus mares, seus rios
Seus encantos
Seu brilho
Na métrica de seu corpo
Eu sofro
Gostoso delírio.

Por: Henrique Biscardi

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O HOMEM QUE VENCEU O ESPELHO

Passava horas tentando consertar o acertado
Eu não entendia nada
Nem o porquê daquilo
Mas não contrariava
Nunca!
Jamais!
Tentei, algumas vezes:
Você está linda!
Ela me olhava
Brava
E fingia me ignorar
Penteava os longos fios de cabelo
Em frente aquele espelho que eu tanto invejava
As  vezes, ela reclamava
Não sei de quê?
Reclamava
Tinha essa mania de se achar feia ao acordar
Sentia-se desarrumada 
Mal sabia ela,
Camisolas de tecido me dão o maior tesão
Estampas de bichinhos, então...
Gosto daquelas surradas mesmo,
Consumidas pelo tempo
Encardidas
Ela dizia que eu era louco
Eu, às vezes, até me achava estranho mesmo
O fato, porém, é que eu adorava vê-la acordar
É certo que amava também seus perfumes,
Maquiagem, o frescor do banho, essas coisas
E admito: No café da manhã, ela costumava estar linda!!!
Mais linda de doer
Porém, quando ela acordava...
Desculpem..mas quando ela acordava...
Meus Deus!!! Era indescritível, loucura total 
Eu ficava doido, doido
Aquela maciez na pele,
Aquela quentura em seu pescoço,
Aquele gemidinho se espreguiçando...
Nossa!!!
Vocês vão me desculpar
Mas ficar em  conchinha com ela...
Hum! Deliça!!!
E ela insistindo logo em se virar,
Em me beijar
Peraí, calma aí, deixa estar
Eu logo te trago pra cá, moça
Deixa só eu te cheirar!!!
E ela se contorcia,
De novo, se espreguiçava,
Sucumbia
E nos amávamos
Mas, logo eu a perdia,
Para aquele espelho safado
Isso, porém, ficou no passado
Esperei 30 anos por esse dia
Mas ele chegou
Naquela manhã de segunda-feira
A primeira  sem trabalho
Acordei decidido
Esperei e não a cheirei,
Nem fizemos amor!
Ela se levantou, olhou no espelho e voltou para a cama
Não penteou os cabelos, não entrou no chuveiro
Nem retocou a maquiagem
Voltou para a cama
Olhou em meus olhos com ternura e se virou de costas
Abracei suavemente o seu corpo
Fiquei ali, de conchinha,
Sentindo o seu cheirinho
No cangote,
O resto do dia, o resto da vida
Hoje, bato no peito e falo
Depois de trinta anos
Ganhei do espelho!

Por: Henrique Biscardi