Vejo na retina de seus olhos uma espera
Em seu corpo,
Quimera de fogo sagrado
Tocado somente pelos Deuses
No momento da criação
Oro por minha alma
Desejo que ela seja arte
Que ela seja parte
Que ela seja pura
E que esteja alienada de meus mais obscuros desejos
Espero, de verdade
Que ninguém perceba
Que ninguém me julgue
E que você conceda
O ensejo blasfêmico de lhe tocar
Quero tragar esse perfume que seu sopro
Exala
Quero enxergar além de seu ventre
Quero me abster de estar presente
E, nesse infinito prelo, desaguar
Quero passear por todos os cantos
Viajar por outros planos
Afogar-me em seu pântano
Submergir em sua pele movediça
Transformar-me num totem de pólen e cortiça
Feixe de luz abstrato
Seiva visceral
Caminhos longos
Férteis e dourados
Fecundo milharal
Ângulos e retas
Olhos, boca, braços e pernas
Dorso, contornos, luz e dor
Suor, saliva, mãos, pele
Amor
A luz do dia chegou
E eu nem senti
Passei a noite inteira acordado
Em seu porto, ancorado
E iluminado! pela sua retina
Por: Henrique Biscardi
Muito belo!
ResponderExcluir