terça-feira, 4 de outubro de 2011

DISSOLVIDO



Sonho sonetos dissonantes
Dissolvidos , dissolventes, dissolutos
Naquilo que tanto luto
Um dia que reluto
Penso
Se existe existência maior do que a crença
Não vejo
Se existe verdade mais verdadeira que tem convença
Não enxergo
Quem te cegou?
Dizem que o amor é que é cego

Foi seu cigano que, salvo engano
Avisou-me de tal desencanto
Desencane de tal culpa, moço
Não foi mero seu esforço
Esmero dorso que me encantou
Me derrubou, mas não na cama
Porque lá ainda me amas
Porque lá ainda me queres
Sem querer dizer
Sem querer se convencer

Mas nem por isso
Serão minhas as rugas
Nem frias serão as ruas 
Sofrimento sofrível até pode acontecer
Por ver seu corpo ardendo sem poder
Porque se podes arder assim
Como é que depois que sai de mim
Mim não existe
Para você?

Não suplico uma explicação explicada
És sincera em meu braços, amada
Isso para mim é o que importa
Pois quando dizes que sua mente acorda
Pensas que me apavora
Mas reprovas a prova de toda a hora
Pois não são minhas as mentiras
Não são meus os disfarces



Desfaço logo qualquer mal entendido
Qualquer desejo reprimido
De querer impor minha verdade
Eu sei quem és, dona sem maldade
Diga, então, sinceridade
Sincero fui em qualquer tempo
Qualquer idade

Sinto a distancia distanciando
Numa nuvem, se apagando
Longe, divagando
Me perdoe,
Meu coração não está amando
Está sofrendo, está parandode te amar

Parado pardo apático
Laço desfeito e enfático
O grito do eco lascivo
Nocivo, venal , fel
Destino cru, nu e cruel

Desvelada sua vil natureza
Por de trás de tanta beleza
Encontrei uma fúria desenfreada
Freada, fria e precisa

Fez o que era preciso
Num tarde de inverno qualquer
Deixou-me sozinho na estrada, a pé

Abriu o ralo
E viu descer nosso amor

Dissolvido


Por: Henrique Biscardi

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