terça-feira, 5 de junho de 2012

PERFUME DAS AGUAS

Um aroma consome a distância e me faz parar diante de ti
Águas cristalinas capturam meu olhar
E me cegam
Nesse instante, sou apenas cheiro e tato
Percebo que só me resta mergulhar em seu ventre 
E tentar desvendar os caminhos que formam o seu leito
Suas margens me parecem infinitas percepções daquilo que, antes, me parecia finito
E suas águas me parecem tão profundas, mas tão profundas
Que penso ir além do que meu pobre corpo mortal suporta
Não importa, eu mergulho
Cego e nu
Despido de meu orgulho
Deixo para trás todas as minhas reminiscências
Confio em sua alma elástica
Confio em suas águas, em sua transparência
Espero apenas que o som da sua voz me guie
Quem sabe, não chego até você por seu cheiro?
Quem sabe o mar não é maresia?
Quem sabe amar não é poesia?
Um aroma consome a distância e me faz parar diante de ti
Águas cristalinas capturam meu olhar
E me cegam
E apesar disso, agora eu vejo
Tudo aquilo que nunca quis enxergar

Por: Henrique Biscardi

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