Escuto passos que caminham sem direção
Avançam e retrocedem
E no gingado de um sapateador
Balançam, pulam e se desviam
Ouço então o seu guisado
Sonso e rasteiro
Na espreita, em meu assoalho,
Me oberva
Percebo a sua malícia
Um humilde labrego
Sôfrego em meu desejo
Preso como uma presa
E quanto mais longa é a estrada
Desencantada, desencanada, desenganada
Ainda cobiça a quimera
Dessa pachorrenta espera
Então, desenfreado seguro a vidraça
E não deixo nada escapar
Apreendo as coisas, a visão, as imagens, o som
Seguro o ar
Faz silêncio na minha boca
No meu olhar
Só o meu coração grita
Fatigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário