Hoje vai ser mais um dia daqueles
Em que, a cada minuto, se testa a
paciência
Muito porque no mundo, está faltando
consciência
E muita educação
E aí, nesse transito
hermeneuticamente parado,
Olhos esbugalhados saltam a sua voz
A sua ira
Exacerbada em forma de buzina
A verdade é que o cara já sai de casa assim,
Mal acompanhado
É um mal humor desembestado
Uma cara fechada, uma marra
Que não leva a nada
Não tem explicação
Sinto saudades é da adolescência
E de minha bicicleta
Do tempo em que se era capaz de andar
pelas largas calçadas
Sem incomodar
Andar pelas estreitas ruas, sem
suicidar
Andar com as narinas abertas,
sorvendo o ar
Tempo em que se chegava atrasado na
aula
Só para dos jardins roubar
Uma flor
Tempo em que as minas curtiam mais um
cara de camelo
Do que esse seu Duster
vermelho
Tempo em que se chegava atrasado na
aula
Porque se ficava parado na rua
contando os carros
Que, naquela época, demoravam a
passar
Tempo em que amar não era brega
Minhas calças tinham prega
E meu Kichute fazia mais sucesso que
o All Star dos mauricinhos
E faziam mesmo!
Mas, era tudo de boa
Digo “de boa”
Só para acabar com o nostalgia
E prosseguir com a poesia
Num linguajar mais atual
Henrique Biscardi
Afinal,
O sinal já abriu e você já atochou a
sua mão nessa buzina infernal
Por: Henrique Biscardi
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