quarta-feira, 2 de março de 2011

MEIAS-ESTAÇÕES


O verão
Corria dando voltas
Braços abertos, sinceros
Escondia, de lado, um sorriso
De frente, percorria o tempo, as nuvens
Peito aberto, coragem, destreza, malícia
Mas quando ele chegava, se escondia


O inverno
Fatigado, buscando um abrigo
Ferido, desviando o perigo.
Perdido, de lado, foi colocado
De frente, corria do tempo, a tempestade
Peito fechado, reprimido, desatinado, inocente
Mas quando ele passava, sorria

As meias-estações foram poucas
Nunca gostou de nada pelo meio
Gostava das intersecções, dos apostos, dos infinitivos, do estar
No cais, no porto ou à deriva
Mas em movimento
Curtia o doce movimento do momento
Do próximo

E o próximo estava tão próximo que embaçou-lhe as vistas
E o próximo estava tão próximo que seu perfume o inebriou
E o próximo estava tão próximo que nem assim ele pegou
E foi assim que o amor passou e nunca mais voltou
E vil foi o seu destino
Sem verão, sem inverno
Só meias-estações

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